Não é Qualquer Lente Que Pode Contar a Sua História
07.07.2025
Eu já ouvi essa preocupação de algumas pessoas algumas vezes e eu concordo.
Existe uma coisa pior do que não aparecer: aparecer do jeito errado.
De fato, isso assusta. Não somente aos desconfiados ou inseguros.
E você, que construiu sua história tijolo por tijolo, prato por prato, conceito por conceito... sabe bem do que estou falando.
O jogo que você joga não é o das tendências, dos resultados milagrosos, dos reels que evaporam em 24 horas, nem do feed bonito pra arrancar curtida de foodie.
Você não está aqui pra isso.
Seu jogo é outro.
É sobre legado, respeito, cultura, território, propósito.
E é exatamente por isso que existe um medo. Um medo que é real. Quase que físico.
Aquele arrepio na espinha que dá só de imaginar alguém pegando sua história e transformando em… “conteúdo”.
Conteúdo raso.
Conteúdo pasteurizado.
Conteúdo que serve pra qualquer um — e, portanto, não serve pra você.
Esse texto hoje, é sobre isso. Sobre esse medo. E sobre por que ele faz todo sentido, não só para mim.
O Medo Não É De Aparecer. É De Aparecer Mal.
Tem aquela cena repetitiva? Dejá vu…que você já sabe.
Chega uma produtora — dessas que vive de likes, hype e efeito glow — e te oferece um vídeo lindo. Com slow motion do prato. Close no empratamento. Uma trilha sonora genérica. Talvez uma legenda com uma frase de efeito.
O vídeo até fica bonito. Mas, no fundo, soa falso.
Parece mais um.
Poderia ser seu restaurante. Poderia ser qualquer outro. Dá no mesmo.
Porque o que aparece ali não é sua essência. Não é sua jornada. Não é o porquê você faz o que faz.
É só mais um recorte que entrega o que dá view — mas não entrega o que constrói percepção, nem acrescenta valor e diferenciação.
E vamos falar a real: você já viu isso acontecer. Eu sei que já.
Viu histórias serem transformadas em caricatura.
Viu trajetórias complexas serem resumidas a “aqui fazemos comida afetiva”.
Viu a gastronomia ser tratada como produto, quando na verdade ela é cultura.
Você não tem medo de se expor.
Você tem medo de ser mal interpretado.
“Se For Pra Contar De Qualquer Jeito, Prefiro Não Contar.”
Essa frase não sai da cabeça de quem vive da própria verdade.
E não é preciosismo. Nem ego.
É defesa.
Defesa contra a banalização.
Defesa contra virar vitrine de um algoritmo.
Defesa contra reduzir sua história — que é feita de suor, escolha, renúncia, pesquisa, território, experiência e proposta — a um vídeo de 59 segundos que começa com “você precisa conhecer esse lugar incrível!”
Sério?!?
Sua história não cabe nessa caixa.
E, se for pra encaixar... melhor não contar.
Porque sua jornada não é linear. Não é simples. Não é mastigável em 3 tópicos e uma legenda motivacional.
E sabe o que mais? Quem não entende isso, vai tentar te convencer do contrário.
Não, Isso Não É Propaganda. É Patrimônio.
É aqui que entra uma outra percepção. Sensibilidade.
Um jogo que não tem roteiro. Não tem checklist. E, principalmente, não tem fórmula.
O que existe é investigação.
É escuta.
É imersão.
Antes de qualquer câmera ser ligada, a pergunta não é “qual é seu diferencial?”. A pergunta é: por que isso existe?
Por que você escolheu esse caminho, esse ingrediente, essa técnica, essa proposta?
Por que esse restaurante não é só mais um restaurante?
O que está por trás do que se vê?
Quando a lente é documental — e não publicitária — o filme deixa de ser sobre o que você vende. E passa a ser sobre o que você defende.
Deixa de ser um comercial bonito e vira um registro de legado. Um patrimônio de marca.
Algo que não envelhece.
Que não depende de trend.
Que não fica datado.
Que não soa como autopromoção (que é outra preocupação…) — soa como verdade.
A Linha Tênue Entre Desejo e Respeito
Conhece aquele desconforto que muitos têm?
“Mas se eu fizer um vídeo, vão achar que tô me promovendo...”
“Vão achar que tô querendo aparecer...”
“Não quero parecer prepotente...”
Esse desconforto só existe quando o material não traduz quem você é.
E não estou dizendo para forçar uma narrativa, ou reforçar seus pratos com elementos ou recursos extraculinários - por conta da influência da era das redes sociais e das imagens.
É possível se aprofundar um pouco mais sobre isso nesse artigo aqui.
Mas quando o filme é verdade, o efeito é outro.
Ele não grita “olha como somos incríveis”.
Ele sussurra — com firmeza — “olha o que existe por trás de uma experiência que merece ser respeitada”.
E quem assiste, entende.
E quem entende... não questiona preço.
Não questiona conceito.
Não questiona proposta.
Porque agora, ele vê. E, vendo, ele sente. E, sentindo, ele entende.
Isso Não É Campanha. É Blindagem De Imagem.
É uma outra história.
O filme certo não é um post.
Não é um reels.
Não é uma campanha.
É uma blindagem narrativa.
Ninguém mais conta sua história por você.
Ninguém mais distorce sua proposta.
Ninguém mais tenta te encaixar num molde que não é seu.
Porque agora sua história está contada. E tá contada do jeito certo.
Pra sempre.
Quem Entende, Não Questiona
Aquele cliente que chega e fala: "- Nossa, mas por que tão caro?”
Ele não existe mais.
Porque quem assiste um filme que revela sua essência, seu processo, seu porquê... não discute preço.
Ele entende que não tá pagando por um prato.
Tá pagando por uma experiência construída em décadas de estudo, escolhas, dores, renúncias e visão.
E quem entende isso... não pede desconto.
Seu Processo Não Começa Com Briefing. Começa Com Escuta.
Tem gente que chega perguntando: “beleza, me manda o briefing.”
E a resposta é simples: não tem.
Não tem briefing porque não tem fórmula.
Tem imersão.
Tem observação.
Tem escuta ativa.
Tem dias acompanhando sua rotina, sua equipe, sua operação, seus silêncios.
Porque só assim o filme não corre o risco de ser mal contado.
E mais: você não perde o controle da narrativa.
O cliente participa, revisa, aprova. Porque é sobre ele. E ninguém conhece sua história melhor do que ele.
A Sua História Merece Mais Do Que Conteúdo
Então, fica aqui o convite — e a provocação:
Se a sua história é única, autoral, intransferível... por que você deixaria qualquer lente tentar contá-la?
Se tudo que você construiu até aqui foge do óbvio, do genérico, do raso... por que seu filme seria diferente?
O que você faz não é só comida.
É cultura.
É território.
É manifesto.
E histórias assim... não são contadas por qualquer um.
Não é qualquer lente que pode contar a sua história.
Se quiser conversar sobre isso, estamos aqui. Sem pressa. Sem roteiro. Sem fórmula.
Só com escuta, respeito... e verdade.
Um café quente e mente presente.
Um abraço
Renan.