O silêncio que custa caro: O luxo de ficar calado.
01.09.2025
Um casamento, uma revelação
Ontem vivi um daqueles dias que marcam de forma profunda, porque tive o privilégio de registrar o casamento de um irmão que a vida me deu e de sua amada, e mais do que uma cerimônia, foi um encontro de histórias, de escolhas e de coragens compartilhadas diante de todos nós.
Minha esposa estava comigo.
Mas estava sozinho nesse “trabalho”.
Apenas eu, os equipamentos e a confiança de que Deus me guiava, e embora a responsabilidade fosse enorme, o que ficou foi a beleza do que vi acontecer no altar.
Os votos que soaram como manifesto
Em determinado momento, durante os votos, ouvi uma fala que me atravessou por completo, e que soava não apenas como uma promessa de amor, mas como um reflexo sobre a própria humanidade. Ele disse algo mais ou menos assim:
“A humanidade nasceu para cuidar de um jardim, não para correr até o topo de suas próprias montanhas. Eu gosto dessa calmaria, mas o mundo parece não caminhar para essa direção. E aí você me aparece...”
Aquilo não era só uma declaração romântica, era um manifesto sobre viver com propósito, sobre encontrar sentido no simples, sobre valorizar a essência.
O paradoxo da comunicação moderna
Enquanto escutava, não consegui evitar a comparação com o que vejo no mundo das marcas e empresas. Vivemos em uma era onde a comunicação nunca para, em que timelines estão sempre cheias, em que todos parecem gritar mais alto, mas, paradoxalmente, muitas marcas escolheram se calar.
Só que não estamos falando de um silêncio contemplativo, sereno e fértil como o de um jardim bem cuidado, mas de um silêncio que mascara, que esconde, que não comunica a história, os valores e o propósito que deveriam ser a base de tudo.
O medo por trás do silêncio
Esse silêncio, muitas vezes justificado como sofisticação, discrição ou estratégia, na verdade quase sempre é medo. Medo de se expor, medo de não ser bom o suficiente, medo de ser mal interpretado.
E esse medo custa caro.
Ele custa quando a narrativa da sua marca é contada por concorrentes ou clientes insatisfeitos;
Custa quando as pessoas não conseguem se conectar de verdade porque não enxergam quem está por trás da embalagem;
Custa quando sua marca se torna apenas mais uma na multidão e a única diferenciação possível passa a ser o preço;
Custa quando os talentos mais brilhantes escolhem outros lugares porque não encontram em você propósito ou clareza de valores.
Esse custo é invisível no início, mas corrosivo com o tempo.
O silêncio não é ouro — é ferrugem
O silêncio, portanto, não é ouro. É ferrugem. Ele corrói lentamente a estrutura de dentro para fora até que, quando se percebe, pode ser tarde demais.
E se o silêncio é a doença, a voz é a cura — mas não qualquer voz.
É a voz autêntica, corajosa, que dá forma ao que realmente importa e que se compromete a mostrar com clareza o que se é, o que se acredita e o que se busca construir.
O poder do audiovisual documental
E aqui está o ponto em que acredito profundamente: não existe ferramenta mais poderosa para dar essa voz às marcas do que o audiovisual documental estratégico.
Diferente da publicidade tradicional, ele não se limita a slogans ou peças criadas em estúdio; ele mostra valores em ação, revela rostos e histórias reais, humaniza o que muitas vezes parece distante, cria memória e impacto duradouro porque fala diretamente à emoção e à experiência humana.
Mais do que isso, ele força a honestidade, porque diante da câmera é impossível sustentar um discurso vazio sem ser confrontado pelo reflexo da própria prática.
Coragem: a lição dos noivos
Penso no que vi ontem entre os noivos e entendo ainda mais o que tento comunicar todos os dias: eles não precisaram de nada ensaiado, não estavam preocupados com estética publicitária, não havia intenção de convencer ou vender.
Houve apenas coragem.
Coragem de se expor, de dar voz às próprias histórias, de dizer quem são e quem desejam ser diante de todos. Essa vulnerabilidade, que é também força, é o que conecta e transforma.
A pergunta que sua marca precisa responder
E é aqui que trago a reflexão que talvez você, como gestor, empresário ou líder, precise se fazer: por quanto tempo mais sua marca vai permanecer em silêncio, deixando que outros ocupem o espaço que deveria ser seu?
Vale a pena continuar escondendo valores, cultura e propósito, como se fossem detalhes menores, enquanto o mercado pede cada vez mais autenticidade e verdade?
Não seria mais racional, e até mesmo mais estratégico, investir em contar sua história com beleza, clareza e impacto, em vez de pagar a conta invisível do silêncio?
Sua vez de falar
Assim como os noivos fizeram diante de todos nós, é hora de assumir a vulnerabilidade que revela grandeza. É hora de dar voz à sua verdade, não apenas ao que você faz, mas a quem você é.
O mercado está pronto para ouvir.
A pergunta é: sua marca está pronta para falar?
Um café quente e uma mente presente,
Renan